Cariri
Nome: Maria das Dores Monteiro Araújo (Dora) e Maria do Socorro Cândido Monteiro (Família Cândido)
Tipologia: Argila
Técnica: Modelagem
Rota: Cariri
Localidade: Juazeiro do Norte
Contato
Endereço: Rua Boa Vista, 55 – Centro
Telefone: (88) 98859-1104
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Instagram: @arte.embarro
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A casa da família Cândido, no centro de Juazeiro do Norte, preserva a memória da matriarca, a Mestre em Artesanato da Cerâmica, Maria de Lourdes Cândido, falecida em 2021. Caracterizada pelos ‘temas’, esculturas em argila que criam cenas e personagens do cotidiano nordestino em uma peça para a parede. Um retrato da cultura local em cores e formas.
“Desde pequena minha mãe fazia as panelinhas para a gente brincar. Aos 8 anos, comecei a fazer também. A gente fazia e trazia para vender na feira. Quando recebia o pagamento, ela dava a nossa parte do trabalho e isso incentivava muito”, conta uma das filhas Maria das Dores Cândido, a Dora, 53.
Para cuidar de 11 filhos, sete mulheres e quatro homens, Lourdes viu nos brinquedos uma oportunidade de ter uma renda para ajudar em casa. “Aos sete anos eu já ajudava a pintar, vinha pro centro para vender aos sábados. Ela começou grávida de mim”, destaca Dora.
Foi nos anos 70 que surgiram os temas na oficina de Lourdes. “Primeiro ela fez em pé, numa base. Casamento, reisado, batizado… Depois, a mãe resolveu deitar na placa e furou atrás para colocar na parede. Ela foi ao Centro de Cultura Mestre Noza e as pessoas começaram a gostar. Era prazeroso fazer. Começou a vir as pessoas de fora e a levar as peças até para outros países”, explica a outra filha, Maria do Socorro Cândido, a Corrinha, 51, que aprendeu a técnica com a mãe e a irmã Maria, cuja morte precoce ainda emociona a família. As duas filhas e a mãe formavam as Três Marias e a técnica era tão parecida que era difícil distinguir a autoria das peças.
“Eu aprendi mesmo bem mais tarde, porque me afastei por um tempo. Morava longe daqui”, ressalta Dora. Atualmente, Dora e Corrinha lutam para manter a continuidade do artesanato da família, um saber herdado por eles. “Tem tanta gente que quer ter um reconhecimento e a gente tem. Não pode deixar morrer a arte. A gente tem que honrar por tudo o que ela fez”, enfatiza Dora.
Para isso, a habilidade da família é passada para as próximas gerações. Antes de um Acidente Vascular Cerebral, o pai João era o responsável por bater o barro, hoje são os irmãos e o filho que ajudam na tarefa. Na modelagem, Dora estimula a filha Carol, 20, e a nora Aucilene, 31. “Me sinto muito honrada em aprender”, diz Carol. “Primeiro faz a placa e cola o personagem enquanto ela tá molhada. Passa 15 dias para secar. Cobre com telha e deixa 12 horas no forno”, explica enquanto trabalha em um tema. O forno ainda funciona no quintal de casa e queima até 30 peças.