Cariri

Nome: Maria do Socorro Nascimento (Corrinha)
Tipologia: Argila
Técnica: Modelagem
Rota: Cariri
Localidade: Missão Velha

Contato
Endereço: Sítio Baixa do Quaresma
Telefone: (88) 99619-3610
Email:
Instagram: @maonamassamvartesanato
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Nascida e criada em Missão Velha, em um sítio da comunidade Passarela de Pedra, Socorro Nascimento, a Corrinha, 46, teve contato com a argila ainda jovem. “Lá funcionavam quatro olarias e, em uma época, chegaram a seis”. De tanto observar o trabalho dos ceramistas, foi chamada para aprender. “Uma senhora chamada Sebastiana propôs me ensinar se, em troca, eu amassasse o barro dela”, relata. “Com um mês, eu já dominava a técnica de fazer um pote. Tinha apenas 13 anos”, ressalta.

Após 17 anos trabalhando na olaria, repartindo os lucros da produção com o proprietário, Corrinha deixou o local de onde lembra da época com gratidão. “Agradeço a todos eles por esse início, à Sebastiana que me ensinou, ao dono da olaria que queimava tudo que eu fazia, até os potes tortos e mal acabados. E agradeço também aos meus primeiros clientes que me estimularam a continuar”, destaca.

Até hoje, Corrinha mantém o mesmo processo de produção das suas peças, tudo à mão e na enxada. “Nunca me acostumei com o torno”, diz. O barro que utiliza ainda é o mesmo de onde começou, na Passagem da Pedra. “Quando começo, preparo a porção que vou precisar, misturo o barro seco, molho, cubro com plástico para descansar por 12 horas. Quando ele tá bem molinho, trituro com a enxada, amassando com o pé, lá na olaria. Após sovado na tábua, o barro é cortado com o arco de cabo de madeira e fio de aço, esse barro é bem limpo, mas ainda é preciso limpar para retirar raízes, pedras, até se tornar bem homogêneo. Faço a bola, sem bolha de ar, e divido em três pedaços”, explica.

São dois a três dias de secagem no verão e de 8 a 15 dias durante o inverno. No período de 30 a 40 dias ela consegue produzir aproximadamente 3 mil peças, contando com as peças pequenas. A força física de corrinha vem do trabalho braçal que ela desenvolve para chegar até a peça final. No forno artesanal, ela consegue queimar 75 potes entre grande, médio e pequeno.

As conquistas que o barro proporcionou à artesã são contadas com orgulho. “Não estudava por falta de condições. Fui concluir meus estudos pelo Telecurso 2000. Em 2011, incentivada por uma comadre, entrei na faculdade de Serviço Social. Outro desafio na minha vida que eu arranquei do barro. Trabalhava de dia e estudava de noite”, lembra.

Com a ajuda da família e de programas de microcrédito, Corrinha conseguiu levantar a olaria. “Tinha medo de pegar empréstimo com banco, mas a necessidade joga a gente contra a parede”, aponta. Com o dinheiro, ela comprou madeira e palha para construir a estrutura e tijolos para o forno. “Parecia uma oca de índio”. Sete meses depois estava com o dinheiro para pagar o banco. “Fiz um segundo empréstimo e investi na olaria novamente”. Quatro empréstimos bem pagos depois, Corrinha conseguiu finalizar a olaria Mãos na Massa, que funciona no sítio onde mora.

Em 2000, foi hora de inovar com os mensageiros de ventos de argila. “Atualmente tenho mais de 15 modelos de mensageiros dos ventos e não consigo atender a demanda porque divido o trabalho com os cuidados da casa e da minha mãe”, afirma. Depois da internet tudo melhorou para ela. “Consegui aumentar minha produção no forno para 75 itens. Também levei minha história para Brasília, em dezembro de 2010”, afirma. .

A relação de Corrinha com o barro é difícil para ela explicar. “O barro é uma relevância incalculável na minha vida. A cada dia que eu crio uma peça, eu já quero começar outra. Faço o que gosto e essa é minha fonte de renda. Foi com ele que consegui alcançar meus sonhos”, destaca.