Cariri

Nome: Aparecido Gonzaga Alves (Din)
Tipologia: Madeira
Técnica: Escultura
Rota: Cariri
Localidade: Juazeiro do Norte

Contato
Endereço: Vila Três Marias
Telefone: (88) 98883-7668
Email:
Instagram: @din.gonzaga.alves
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Aos 12 anos, o artesão Aparecido Gonzaga Alves, o Din, 35, intuitivamente esculpia figuras em cabos de vassouras. “Não entendia sobre madeira, nem nada. Com outros artesãos aprendi a pegar nas ferramentas”, relata. A mãe fazia cortina de renda e o avô trabalhava na editora de cordel, berço de xilógrafos, Lira Nordestina. “Hoje, trabalho com a madeira imburana. É uma das madeiras mais macias do mundo”, explica.

Os meses entre setembro e fevereiro são marcados pelas romarias em Juazeiro do Norte e muitos escultores vivem até hoje das vendas de artigos sacros aos romeiros e turistas. “Em 2005, comecei a fazer as peças “anãs”. Fui crucificado na época, mas continuei a fazer dessa forma porque gostava e as pessoas começaram a gostar também. Sempre procurei me aperfeiçoar, fazia muita arte sacra e agora busco me aperfeiçoar, busco a nossa própria cultura”, diz, mostrando a impressionante escultura em um só tronco de emburana que retrata um veículo tipo pau-de arara com vários personagens do cotidiano esculpidos em pura harmonia.

Em um terreno da Prefeitura, atrás da capela da Vila Três Marias, em Juazeiro do Norte, Din fundou o ateliê de arte popular, Casa das Três Marias, com o experiente artesão Pel Cabral, Geldson Cabral e Nael dos Anjos. As esculturas na entrada da construção de taipa dão as boas vindas ao lugar simples, mas com uma riqueza artesanal enorme dentro dele.

A casa abriga obras de diversos artesãos da região. A proposta é ser também uma escola de arte. “Muitos meninos da Boca das Cobras (bairro carente de Juazeiro) não têm condições de comprar ferramentas”, conta Din, ao enfatizar que o lugar é berço de grandes artesãos da cidade. “Daqui saíram Zumbin, Racar, Beto…eu cresci vendo eles trabalhando”, relata. “Hoje, meu sobrinho que vem pra cá nos ver”, fala orgulhoso.

“O artesanato é uma forma de mostrar nossa cultura. A gente não quer que acabe a arte popular. Muitas crianças e jovens não sabem quem foi Patativa do Assaré, Belchior, Luiz Gonzaga. Sendo artista, eles podem andar o mundo todo. Já fui dar aula em São Paulo e em outras cidades. Tem uma escultura minha na feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro”, afirma Din que conta com 36 personagens no seu catálogo.

O talento de Din já o levou a participações em programas e novelas da TV Globo, além de grandes exposições pelo País, como no Museu Janete Costa de Arte Popular, no Rio de Janeiro, com uma representação da festa ‘pau-da-bandeira’ de Barbalha, em madeira, de mais de dois metros de comprimento. “Quero deixar um legado. Ser lembrado como alguém que fez algo para a região”, aponta o artesão.