Cariri

Aos oito anos, Francisco Dias de Oliveira, o Françuli, trabalhava na roça com o pai, na zona rural de Potengi, quando viu pela primeira vez um avião no céu. Com um pedaço de madeira ele reproduziu a aeronave que encantou as crianças da redondeza. Quando encontrou uma lata de óleo descartada pela mãe, viu ali um material mais resistente para as brincadeiras da criançada embaixo do pé de cajarana. Naquela época, já dizia que queria deixar sua marca na história de Potengi. Hoje, aos 80 anos, Françuli conta com mais de 40 modelos de aeronaves no seu museu oficina, na sede do município onde nasceu e cresceu.

Autodidata, Françuli nunca frequentou a escola, aprendeu a soldar só de olhar e foi também dessa forma que aprendeu a criar. Além das peças de avião e helicópteros, Françuli também é criador de itens como candeeiros, cano para fogão e das próprias ferramentas que utiliza diariamente. “A inteligência é igual uma cacimba de areia, quanto mais a gente puxa mais vem”, diz. Quando cria um avião, o artesão conta que traça todos os detalhes na mente antes de desenhar no flandre.

O ‘inventor do sertão’ voa longe e os sonhos dele incluem a oficina museu que ele mantém em Potengi. “Comprei o terreno há 15 anos já pensando em montar o museu. Demorou cinco anos para ficar pronto. Já recebi aqui pessoas de 24 países e de todos os estados do Brasil”, disse.