Cariri

Nome: José Lourenço Gonzaga
Entidade: Lira Nordestina
Tipologia: Madeira
Técnica: Xilogravura
Rota: Cariri
Localidade: Juazeiro do Norte

Contato
Endereço: Rua Interventor Francisco Erivano Cruz, 120
Telefone: (88) 99805-0281
Email:
Instagram: @jose.lourenco.xilo
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José Lourenço Gonzaga começou sua atividade artística ainda jovem na editora de cordéis Lira Nordestina. Trazido pelo avô Pedro Gonzaga, iniciou seus trabalhos de xilogravura em 1986 e já participou de várias exposições nacionais e internacionais. Atualmente é o presidente e assessor artístico do grupo de xilógrafos e cordelistas do espaço.

A história de José Lourenço se mistura à da editora Lira Nordestina e vice-versa. Com o nome de Tipografia São Francisco, foi fundada em 1932, pelo alagoano José Bernardo da Silva e se tornou uma das maiores editoras de folheto popular do Brasil. “A tipografia começou como quase tudo em Juazeiro do Norte, por meio do incentivo do Padre Cícero”, conta José Lourenço. “O folheto popular era usado em diversas vertentes. Atualizava as pessoas das notícias nacionais e internacionais. Dava acesso a grandes histórias. Havia cordéis de quatro volumes. Era como o Nordeste se conectava com o mundo”, explica.

José Bernardo foi um dos maiores empreendedores do cordel com revendedores em todo o País, até na Amazônia. “Em 1950, comprou as máquinas e os direitos de João Martins Athayde e chegou a produzir 10 mil folhetos por mês”, disse. Athayde foi cordelista pioneiro e um dos principais editores da literatura típica do Nordeste. Porém, como as capas em zincogravuras demoravam até 50 dias para chegar das clicherias de São Paulo, Bernardo começou a encomendar aos artesãos como Mestre Noza, João Pereira e até J Borges as capas dos cordéis talhadas em uma matriz de madeira.

Bernardo faleceu em 1971, e, em 1982, a família vendeu a tipografia para o Governo do Estado que, sob a gerência do poeta Expedito Sebastião de Lima, a rebatizou de Lira Nordestina, por sugestão de Patativa do Assaré. Em 1988, passou a pertencer a Universidade Regional do Cariri (Urca)

“Meu avô era afilhado do José Bernardo, então vim para cá em 1979 e passei um tempo aqui, depois fui trabalhar na lavoura, mas sempre voltava, levava os cordéis. Nunca perdi o amor e a vontade de trabalhar com isso. Em 1983, eu voltei, e em 1985, comecei a fazer xilogravura pela necessidade”, conta.

Até então, José era apenas impressor gráfico das poesias e histórias nordestinas. Expedito estava com dificuldade para achar alguém que fizesse as capas. “Mesmo sem eu saber fazer ele disse que eu faria. Peguei um pedaço de madeira que a serraria jogava fora e uma hora da manhã consegui fazer o casal da festa junina para a capa”, relembra emocionado.

Em 1996, quando o grupo perdeu o mentor principal, Expedito Sebastião, que contava com mais de 200 títulos de cordel, ficaram desorientados. “Tinha 26 anos e era o mais velho da turma e o cordel estava desparecendo”, conta. “Quando passou para a universidade ganhou o meio acadêmico, mas perdeu o contato direto com o povo. Então, eu comecei a buscar uma forma, com novas ideias de manter a Lira”, disse. “A gente começou a participar de feiras, oficinas e diversificar os produtos”, ressalta.

A visita ao espaço onde funciona a Lira Nordestina é uma viagem ao passado e futuro do cordel e da xilogravura. O espaço abriga ainda duas máquinas que foram de José Bernardo, além da produção de dez xilógrafos da atualidade, como o próprio José Lourenço, Airton Laurindo, Cícero Lourenço, Cosmo Bras, Demontie Lourenço, e outros. “Temos 170 capas de cordéis que só existem aqui e um acervo de clichês de zinco”, diz orgulhoso.