Aracati

Os caçuás são cestos fabricados com talos de carnaúba e arrematados com couro na lateral, usados em cangalhas para o transporte da produção agrícola. Esses produtos que são a cara do sertão, são também a referência do artesanato de José Simões, da comunidade do Cabreiro, em Aracati. Artesão das miniaturas de caçuás, ele viu seu trabalho evoluir para a produção de cadeiras e bancos de madeira com assentos de couro bovino. Aos 80 anos, é o único da família a trabalhar no ofício. É ele que também trabalha no talho da madeira dos móveis que produz. As peças chegam a diversos estados do Brasil e reproduzem o estilo de vida dessa comunidade. 

Seu Dedé começou ajudando o pai a fazer os caçuás. Desde que se lembra, a família reside no Cabreiro, comunidade que era forte na cultura da mandioca, feijão, milho. “Aqui, onde hoje eu trabalho, meu pai criou os dez filhos”, conta. Foi na casa simples de alvenaria, que ele nasceu e viu o pai trabalhando com o couro e a madeira. “Comecei fazendo um banco pra cá, depois pra uma vizinha, depois outra pessoa veio pedir pra fazer igual e foi crescendo”, disse. 

A prosa aqui é garantida. Com sorriso simpático ele conta como trabalha o couro, algo que ele mesmo executa sozinho. “Eu compro o couro em Santa Tereza (Aracati) e a madeira tem que ser daqui mesmo porque senão, sai muito cara”. Depois de seco, o couro fica de molho na água e depois é lavado com água e sabão. A madeira é retirada do próprio quintal e talhada pelas mãos do Seu Dedé. A filha Sueli ajuda nas medidas. “Às vezes, eu me esqueço das medidas da encomenda e tenho que perguntar pra ela”, disse.