Aracati

Em 1988, Luís Gonzaga trabalhava como jardineiro em um sítio quando criou seu primeiro pássaro de madeira e fibras. O patrão levou a escultura ao Museu Jaguaribano, em Aracati, e a vendeu rapidamente. “A partir daí eu comecei a acreditar no meu trabalho. Continuei fazendo e criando novas peça”. Ganhador do prêmio de escultura, com a obra ‘Pássaros’, do Salão de Abril de 1988, em Fortaleza, Luís Gonzaga já expôs suas peças em importantes eventos de arquitetura e design do Ceará. 

O bisavô chegou ao Cumbe pelo litoral cearense. Era pescador e agricultor que passou entre as gerações seguintes o hábito de caminhar pelas dunas e mangue do Cumbe. Hoje, é com o filho David que ele faz esse percurso. Nas dunas, eles procuram a madeira mais dura, ressecada, “aquela que já foi tão castigada pelo sol que até o cupim despreza”. Pelas mãos dele, as formas orgânicas desses troncos se transformam em figuras impressionantes de animais, coloridos ou naturais. 

“Quando participei de uma exposição em 2018, muita gente se interessou pelas peças grandes, o que chamou minha atenção para essa nova forma de fazer”, conta. Rápido na produção das peças, quando encontra um pedaço de madeira ou outro material já vai pensando como vai se transformar. 

Com quatro filhos, três homens e uma mulher, Luís conta com orgulho como o artesanato o ajudou a criar a família. “Antes, eu trabalhava em uma casa de taipo e, hoje, tenho minha casa em alvenaria e agora um anexo para a oficina”, diz. Hoje, o filho Davi segue os caminhos do pai e já trouxe para o ateliê as cores vivas para as esculturas. Os dois dividem o ateliê no Cumbe e a simpatia em receber os visitantes.