Aracati

O artesanato sempre foi um complemento da renda para as mulheres de Jirau, comunidade de Aracati que vive basicamente da agricultura do feijão, milho, mandioca e caju. É com o artesanato que elas alcançam melhores condições de vida. Atualmente, o grupo está expandindo as vendas com a produção de peças diferenciadas. “Eu costumo ver um objeto como um vaso ou uma bolsa de outro material e penso como ele ficaria na palha. Testo para ver se funciona. Gosto de usar a parte mais dura, das costas da palha, que dá mais forma aos objetos”. Quem explica  é a líder do grupo, Maria de Fátima, a Fatinha.

A mãe da Fatinha, Maria das Graças, ou dona Bibia, foi quem começou a reunir as mulheres em um galpão de cimento e alvenaria. É nela que Fatinha se espelha para ir mais longe. “Minha mãe era uma visionária”, diz, orgulhosa. Nos anos 90, uma empresária de Fortaleza fez um pedido grande e a mãe de Fatinha precisou correr para reunir 20 mulheres e entregar no prazo. “Naquele tempo, as peças eram muito baratas e conseguir um pedido grande era muito bom”. Desde então, elas não pararam mais. No chão, as mulheres trabalham com vista para os serrotes do Jirau e a calma do lugar faz do som do trançado a trilha sonora ideal.

Agitada, Fatinha tem sorriso e olhos verdes cativantes. A conversa com ela vai longe. Mulher inteligente e de pensamento rápido, como as mãos para o trançado. Ela e outras 36 mulheres do grupo conseguem produzir de 2,5 mil a 3 mil peças por mês. E a produção se destaca pelo colorido da palha e por itens diferentes como os potes e os tapetes.