Cariri

Nome: Maria Miguel de Oliveira (Rosinha)
Entidade: Associação Mocotó
Tipologia: Fios e Tecidos
Técnica: Crochê e Renda
Rota: Cariri
Localidade: Várzea Alegre

Contato
Endereço: Sítio Mocotó
Telefone: (88) 99241-9592
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Instagram: @iniredesdedormir
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Há 12 quilômetros da sede do município de Várzea Alegre, está localizada a comunidade do Sítio Mocotó onde a tranquilidade e a paisagem verde predominam. É lá que há mais de 40 anos funciona a Associação Mocotó com 10 artesãs da comunidade. Entre elas, as irmãs Rosinha (Maria Miguel de Oliveira), 62, e Ceilda, de apenas um metro de estatura. As duas nasceram com uma deficiência física e a superaram por meio do trabalho que construíram na comunidade.

O artesanato significou vida nova para Rosinha e os moradores da região, como ela explica. “O artesanato transformou essa comunidade, porque conseguimos erradicar o analfabetismo e a mortalidade infantil. Uma vida renovada com a qualidade de vida que nós conquistamos”, afirma.

Ainda jovem, o grupo de 17 mulheres se reunia embaixo de uma árvore para fazer crochê. Assim como a mãe, as tias e a avó que também trabalhavam com a técnica. “Éramos agricultoras e queríamos andar arrumadas, então fazíamos nossas próprias roupas”. Quando um programa de desenvolvimento de localidades rurais chegou à comunidade, as moças chamaram a atenção. “Encontraram a gente embaixo dessa árvore fazendo crochê”, disse. “A partir desse programa, escrevemos a nossa história”. Com o apoio de várias instituições, elas fizeram um projeto e conseguiram montar o maquinário. O terreno para o prédio da associação foi doação do pai, agricultor atuante da região e grande incentivador das filhas.

Antes mesmo dos direitos dos deficientes serem difundidos, o pai estimulava as filhas a não se intimidarem diante das dificuldades. “Não imaginávamos que chegaríamos tão longe, mas sempre tivemos um grau de superação muito bom. Não éramos as coitadinhas, sempre fomos a Rosinha e a Ceilda”, conta.

Em 2005, a artesã ganhou o primeiro lugar no Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora, no Ceará, e o terceiro lugar nacional. A premiação levou Rosinha a uma viagem ao México. “Desse tempo para cá tivemos muito crescimento em nível de conhecimento. Em 2013, expusemos até na sede da ONU, em Nova York. Cada evento desse eu tinha que dar testemunho da nossa história”, conta. Segundo Rosinha. há doze livros publicados que contam as histórias de superação delas.

Atualmente, são dez mulheres que integram o grupo que trabalha principalmente com crochê e na fabricação de redes, varandas e colchas de cama. “Já chegamos a ter 600 pessoas da comunidade e localidades vizinhas trabalhando conosco e produzindo até 300 peças”, afirma. “Com a pandemia, as vendas diminuíram pela dificuldade no escoamento da produção. Hoje, estamos produzindo 150 itens com a metade das pessoas”, lamenta.

A produção das artesãs da Associação Mocotó é feita 80% no manual com agulha de crochê. “Nosso artesanato é sobrevivência e resistência”, afirma.