Cariri

Quando resolveu que queria um xadrez na sala de casa, Nil, 30, não pensou que isso definiria seu futuro. Ele foi até o Centro de Cultura Mestre Noza e lá foi desafiado. “Um dos escultores me perguntou se eu não saberia fazer. No primeiro dia, fiz um peão. Em menos de um mês, estava com as 32 peças”, relata.

Na época, Nil trabalhava como padeiro, mas passou a dedicar todo seu tempo vago às esculturas. “Trabalhei seis anos no mestre Noza quando resolvi montar um ateliê com outros escultores”, explica. O ateliê surgiu há apenas quatro anos, em parceria com os artesãos Din e Hércules, e reúne obras de diversos artesãos do Cariri. “A gente quer abrir uma janela a mais para o artesão expor e comercializar seus produtos. Manter o ateliê com as peças que são vendidas”.

Um dos destaques do trabalho do escultor aconteceu com a exposição Raízes, do artista chinês Ai Wei Wei, em São Paulo (SP), em 2017. A proposta era criar peças diferentes. “Um dos corações que fiz foi capa do convite da exposição, o coração com veias e artérias. As mãos também tiveram destaque. Foram 400 peças feitas por nós, artesãos de Juazeiro do Norte”, conta.

Para manter o trabalho diversificado, Nil procura lançar uma peça nova por ano e, atualmente, possui dez itens no catálogo. A mais recente ele batizou de ‘bem bolado’. Uma escultura abstrata com espaços vazados. A ideia foi ampliada e chegou a um centro de mesa que impressionou o público na Casa Cor Ceará 2021, em Fortaleza. “A princípio surgiu a ideia de fazer (a peça) como se fosse um túnel. Mas, enquanto eu fazia ela foi se transformando, foi quando a coloquei em pé, e vi que tinha virado outra coisa”, destaca.

Nil também trabalha com peças grandes de até 1,70 m. Uma delas, os três sábios, escultura vertical de três homens sem rosto e sem roupa, que não ouvem, não enxergam e não escutam, decoram ambiente externo de um resort de luxo no litoral cearense. “Procuro abranger vários públicos com peças diferentes”.