Cascavel

Polo do barro no Ceará, a comunidade de Moita Redonda, em Cascavel, se desenvolveu a partir do artesanato como complemento da renda de famílias agricultoras. Muitos dos atuais artesãos do local cresceram vendo seus pais e avós trabalhando com o material para depois venderem as peças nas feiras de Cascavel.

Rosemary é um deles. Filha de mãe solo, uma das principais lembranças de sua infância é da mãe fazendo cumbucas que depois eram finalizadas por ela. “Até que uma amiga da minha mãe encomendou uns potes grandes, há 20 anos. E, ela começou a desenvolver esses potes maiores de um metro, 1,20m. Então, mais pessoas começaram a se interessar em comprar”, conta.

No quintal de casa, em uma construção anexa, Rosemary trabalha em um torno improvisado, onde os potes ganham forma e tamanho. Um trabalho impressionante e totalmente artesanal. “Começo com um bolão de barro e vou colocando o pavil (pavimentando). Depois que seca, coloco outro pavil, até chegar no tamanho certo, e aí faço o acabamento, para depois secar ao vento e ir ao forno”, explica com a tranquilidade de quem há muitos anos trabalha com essas grandes peças.

Para chegar à tonalidade que quer, Rosemary mistura dois tipos de barro, o vermelho, de Choró (CE) e o barro preto. “Antigamente não eram dois tipos de barro, mas o barro preto foi ficando mais fraco e agora misturamos ao barro vermelho, que dá essa tonalidade mais bonita”, destaca. Alguns potes de Rosemary também ganharam desenhos feitos à mão. “Com o tempo, quis fazer algo diferente e, inspirada na vegetação local, desenvolvi essa faixa vermelha e os desenhos brancos de folhagens”.

Os dois filhos de Rosemary estudaram com o apoio do artesanato, lembra ela que se orgulha do que faz. “Acho bonito ver meus potes enfeitando as casas das pessoas. Meus clientes gostam de qualidade e conseguir essa valorização é muito bom”, afirma.